Pergunte ao Padre

Vaticano II

Pe. Gabriel 27/06/2012
Querida Mariana,
o Concílio Ecumênico é a reunião, convocada pelo Papa, de todos os Bispos da Igreja Católica para rezar juntos e tomar algumas decisões a respeito da fé e da vida da Igreja. Na vida da Igreja Católica tem muitas convocações (Conselho de comunidade, Conselho Pastoral Paroquial, Assembléia de Congregações Religiosas, Assembléia Diocesana, Sínodo Diocesano, Sínodo dos Bispos, Consistório, Conclave) mas o Concilio Ecumênico é a máxima assembléia que a Igreja Católica pode viver.
Entre o ano 1962 e o 1965 aconteceu o Concilio Ecumênico Vaticano II, evento de graça pela vida da Igreja. O Beato João Paulo II chamou o Vaticano II “bússola para vida da Igreja no Terceiro Milênio”: significa que não podemos ser católicos neste tempo sem ler e confrontar-se com os textos do Concilio Vaticano II.
Depois do Concilio, sobretudo da Europa, a Igreja passou para um período de purificação e de sofrimentos, sobretudo por dois motivos:
1. A sociedade se tornou em poucos anos muito afastada do cristianismo e dos ensinamentos morais da Igreja, a motivo dos movimentos filosóficos e políticos chamados do “1968”. Por esses grupos a humanidade é feliz quando consegue livrar-se de Deus e da moral, sobretudo a católica. Foi uma transformação que aconteceu independentemente do Concilio; ao contrario o Concilio ajudou a Igreja a anunciar o Evangelho nesse contexto difícil.
2. Muitos católicos (padres ou leigos) interpretaram mal os textos do Concílio e começaram a acreditar que o comunismo poderia ser a atualização política do cristianismo, que a gente poderia quebrar a comunhão com o Papa e os nossos Bispos, que os padres poderiam casar-se, que as mulheres poderiam ser padres, que a Missa fosse uma grande festa esquecendo a presença de Cristo.
Hoje em dia acho erradas duas atitudes:
a) Pensar que precisa voltar antes do Concílio Vaticano II, rejeitando todas as indicações do Vaticano II a respeito da Liturgia, da leitura da Palavra de Deus, do estilo de comunhão na Igreja, da missão dos católicos no mundo.
b) Pensar que precisa um Concílio Vaticano III porque o II já está velho e mudar totalmente a caminhada da Igreja “quebrando” com a Tradição que recebemos de 20 séculos de fé.
O caminho certo é seguir com equilíbrio a palavra de Bento XVI e dos nossos Bispos, dando importância á liturgia, á leitura da Palavra de Deus, á nossa presença viva no mundo. Lembrando também de não viver a nossa fé sozinhos, mas sempre na comunidade cristã.
Convido-te a ler com os textos do Vaticano II com a ajuda de um padre, para compreender uma grande riqueza que a gente tem.
Pe. Gabriel

Instrumentos?

Felipe 06/06/2012
Padre,queria saber porque em algumas comunidades da nossa paróquia não é permitido alem do violão outros instrumentos musicais como teclado e bateria?
Vi na Guadalupe que há alem de Meia Lua o uso da bateria durante as celebrações? Afinal pode ou não pode?
E se não, porquê?

Re:Instrumentos?

ALEXANDRE MILFONT RODRIGUES 20/06/2012
Olá! Felipe, não sou o padre, mas pode aguardar ainda a resposta dele que será a melhor, mas senti-me comovido pela sua pergunta! Na verdade, todos os intrumentos podem ser tocados nas celebrações, porém cada um repeitando a liturgia, ou seja o rito, já imaginou se alguém chegasse a um velório e derepente começasse a cantar parabéns, ou ainda, que alguém fôsse a um aniversário e desse ao aniversante ao invés dos parabéns, pêsames. Assim, acontece na missa, você pode acreditar, a missa inicia bem alegre todos juntos porque Cristo nos reu niu ali no seu amor, mas em seguida o sacerdote nos convida a inclinar a nossa cabeça e repensar nossas atitudes, estamos no momento do Ato penitencial, embora acabamos de estar felizes com a nossa reunião, vamos pedir perdão, como se pede perdão? alegre? não, muito pelo contrário, e depois vamos louvar a Deus pelo perdão alcançado, de que forma triste? não, deve ser alegre espontâneo. Mas essa alegria não deve significar barulho, há quem fique feliz no silêncio também. A bateria deve acontecer de forma sóbria respeitando a cada momento, não só ela, mas todos, embora-se tenha lá três violôes na missa, no momento do salmo, na parte do solo, apenas um violão deve-ser tocado para que proporcione a atenção dobrada do povo para o que se está cantando, afinal de contas o salmo é uma conversa entre o povo e o salmista, quando o povo vai cantar o refrão, os violões todos tocam para que a resposta do povo seja forte e vibrante. Mas como eu disse a melhor resposta é a do padre, aguarde!!!

Re:Re:Instrumentos?

Pe. Francesco 27/06/2012
Caro Felipe, obrigado pela sua pergunta, que pode ajudar a esclarecer o significado da música na liturgia. Tento completar a resposta que o Alexandre já ofereceu.
A liturgia é o nosso encontro com Deus através do Sacrifício de Jesus que Se ofereceu por nós. Este Sacrifício se torna presente na própria liturgia.
É importante, então, relembrar que a liturgia é antes de tudo obra de Deus em nosso favor, o que Ele faz por nós.
No contexto da liturgia existe, porém, também a nossa parte, a nossa resposta ao Seu Amor, feita de orações, momentos de silêncio, escuta da Palavra, adoração e cantos.
A música tem uma parte importante na liturgia e está a serviço dela: por isso, canto e música devem ser escolhidos de forma apropriada, para ajudar a entrar no relacionamento com Deus.
O instrumento mais adequado para a liturgia seria o órgão (assim como o canto oferecido como referência é o canto gregoriano, que na sua origem é em latim). Mas normalmente usam-se instrumentos mais simples, como o violão. Outras vezes usam-se instrumentos como a meia lua ou o teclado ou até a bateria ou outros instrumentos de percussão. Como explica o amigo Alexandre na resposta dele, o importante é que todo instrumento seja usado de uma forma sóbria, isto é, que seja útil à liturgia, que ajude para a oração e que envolva a assembléia (daqui a necessidade de prestar atenção que o volume do som – microfone e instrumentos – não abafe o canto).
Sobretudo no que é relativo ao uso da bateria, precisa muito cuidado (o que eu já expliquei para o jovem que toca no coral de N.S. de Guadalupe), evitando, por exemplo, de usar enquanto o salmista canta o salmo responsorial.
O teclado (que se aproxima muito ao órgão) na nossa Paróquia já foi utilizado em algumas liturgias (por exemplo, pela irmã Elisangela, na Vigília Pascal). Como percebe, não teve proibição nenhuma em relação ao uso desses instrumentos.
Então, louvemos a Deus pelo Amor que Ele continuamente nos oferece! E como escreve Santo Agostinho, louvemos com a nossa boca, mas sobretudo com a nossa vida, através do nosso amor, doado a Deus ao nosso próximo!
Pe. Francesco

Línguas

Maicon 06/06/2012
Padre como podemos interpretar a questão de algumas igrejas e grupos que dizem em suas celebrações e encontros que o Espirito Santo pairou sobre eles e de repente começam a falar línguas e que ninguem entender (acredito que nem eles mesmo, sabem o que falam).Há quem diga que o Espirito os enche de tal maneira que eles ficam fracos e muitas vezes até desmaiam.
Encontros nesse modelo me assusta e acredito que isso seja uma fantasia irreal da mente de muitos, não desacredito da fé desses,do contrário acho que são realmente repletos do Espírito,o que eu não acredito que essas manifestações de linguas e fraqueza sejam resultado do poder de Deus. O que o senhor me diz.

Um abraço.

Re:Línguas

Pe. Francesco 27/06/2012
Falar em línguas, orar em línguas, a glossolalia, são um dom reconhecido pela Igreja mas não essencial para a vida de fé, para a experiência cristã. Lendo os capítulos 13 e 14 da primeira carta aos Coríntios, notamos que o dom de falar em línguas é reconhecido pelo Apóstolo Paulo, assim como o dom da profecia, mas fica claro que o carisma do amor é o mais importante, o dom que todos os cristãos tem que manifestar na vida.
O dom de falar em línguas é utilizado sobretudo na Renovação Carismática, movimento eclesial reconhecido pela autoridade da Igreja católica, isto é, o Papa e os Bispos. Recentemente, o Papa encontrou o grupo da Renovação Carismática da Itália (lá se chama de “Rinnovamento nello Spirito”), que comemora 40 anos de vida. No discurso que ele fez, frisou algumas características deste Movimento, mas sem se deter sobre a de falar em línguas. Lembrou os frutos de conversão e restauração de muitas pessoas nestes 40 anos; a obra de evangelização no contexto da sociedade italiana; a contribuição para edificar a vida da Igreja, mostrando a alegria na vida nova no Espírito. Além disso, o Papa convidou os membros da Renovação Carismática da Itália a “continuar a testemunhar a alegria da fé em Cristo, o poder do amor que Seu Evangelho irradia na história, a graça que todo crente pode experimentar na Igreja com a prática dos sacramentos que nos santificam e o exercício humilde e desinteressado dos carismas, que, come diz São Paulo, tem que serem utilizados para o bem comum. Não cedam à tentação da mediocridade e do hábito! Tornai seus os pensamentos, os sentimentos, as ações de Jesus!”. Enfim, encorajou a construir a vida sobre o alicerce da Palavra de Deus e seguindo o Magistério da Igreja. Refletindo sobre este discurso do Papa (um discurso que tem valor em qualquer lugar do mundo), podemos entender o bem que pode vir deste Movimento, mas também reconhecer o que é mais importante e o que é menos.
Pessoalmente, não tenho conhecimento pessoal sobre o que é falar em línguas e não sinto necessidade de falar em línguas (por enquanto prefiro aprimorar o conhecimento da língua portuguesa sem perder o da língua italiana): não condeno (porque a Igreja reconhece o uso deste dom), mas nem incentivo. Quem participa, faz tempo, da Renovação Carismática, poderá te explicar melhor o significado.
Com certeza, são extremamente necessários prudência e discernimento no uso deste dom. No parágrafo 62 do documento numero 53 da Conferência Nacional dos Bispos Brasileiros podemos ler esta declaração: “Orar e falar em línguas: O destinatário da oração em línguas é o próprio Deus, por ser uma atitude da pessoa absorvida em conversa particular com Deus. E o destinatário do falar em línguas é a comunidade. O apóstolo Paulo ensina: 'Numa assembléia prefiro dizer cinco palavras com a minha inteligência para instruir também aos outros, a dizer dez mil palavras em línguas' (1Cor 14,19). Como é difícil discernir, na prática, entre inspiração do Espírito Santo e os apelos do animador do grupo reunido, não se incentive a chamada oração em línguas e nunca se fale em línguas sem que haja intérprete”.

Lembro que um meu amigo da Renovação Carismática de Imola, a minha cidade, disse que, quando o uso deste dom cria divisões na comunidade cristã, é melhor não usar publicamente, para não escandalizar alguém estranho que não conhece essa realidade: por amor, nestes casos, é oportuno evitar. É o convite que eu faço aos nossos amigos da Renovação.
E convido você, caro Maicon, a continuar sua caminhada de fé na forma que está vivendo agora, esforçando-se de servir a Deus, seguindo o chamado à conversão e à santidade, colocando seus dons a serviço da Igreja, nas dimensões que você conhece: Comunidade, Paróquia e Diocese. A liturgia da Igreja, os Sacramentos, a Palavra de Deus, a oração, o amor ao próximo e o relacionamento com os pastores da Igreja Católica são a forma essencial e necessária para seguir e amar Jesus. Estas características são as que também nossos irmãos da Renovação Carismática com certeza estão vivendo e que nos fazem viver em comunhão, mesmo na diferença de algumas expressões da fé.
Pe. Francesco
Itens: 7 - 12 de 37
<< 1 | 2 | 3 | 4 | 5 >>

Novo comentário